O uso da matriz de comunicação na educação: compreendendo e avaliando a linguagem de pessoas com necessidades complexas de comunicação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5935/2238-1279.2025v220033

Palavras-chave:

matriz de comunicação, dispositivo gerador de fala, comunicação aumentativa e alternativa, autismo, inclusão

Resumo

A comunicação humana é composta por signos linguísticos organizados a partir de determinadas convenções e podem variar de acordo com o tempo e grupo social. Crianças com autismo ou transtornos do neurodesenvolvimento podem apresentar dificuldades acentuadas na sua linguagem e comunicação. Baseado nisso, buscou-se investigar os efeitos do uso do dispositivo gerador de fala na comunicação de crianças com autismo com necessidades complexas de comunicação em atividades lúdico-pedagógicas. Foram acompanhadas três crianças com idades entre 5 e 9 anos, cada uma em um ambiente: espaço terapêutico, escolar e residencial. A metodologia utilizada foi o delineamento de pesquisa quase experimental intra-sujeito A-B. A questão que norteou o estudo foi como usar a Matriz de Comunicação para identificar e compreender os comportamentos comunicativos utilizados por cada criança. Este artigo tem por objetivo apresentar e refletir sobre o uso deste instrumento como um dos principais recursos de avaliação utilizados nesta pesquisa. Os resultados apontaram que a matriz pode auxiliar não apenas na compreensão da forma como a pessoa se comunica, mas principalmente, nas estratégias que podem ser desenvolvidas por profissionais, inclusive oferecendo suporte para a estruturação de atividades nos diversos ambientes sociais.

Biografia do Autor

Fabiana Ferreira do Nascimento, Secretaria Municipal de Duque de Caxias (SMDC)

Doutora em Educação (Linha Educação Inclusiva e Processos Educacionais) PROPED/UERJ. Mestre em Ensino da Educação Básica pelo PPGEB-CAP/UERJ (2017). Possui graduação em Pedagogia pela UFRJ (2003). Especialização em Psicopedagogia, Educação Infantil e Educação Especial pela UCAM; e Saúde Pública pela ENSP/FIOCRUZ. Atualmente é Pedagoga do Projeto AIPEN - Enfermagem/UERJ e Professora do Atendimento Educacional Especializado do Município de Duque de Caxias/RJ. Possui artigos publicados em revistas cientificas e livro na área de Ensino, Educação, Educação e Saúde, Acessibilidade, Recursos Tecnológicos e Educação Especial (Pedagogia Hospitalar e Autismo).

Mara Reis Monteiro, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Professora Adjunta da Universidade Federal Fluminense (UFF). Fonoaudióloga, Mestre e doutora em Educação. Autora de diversas publicações nas áreas de linguagem, ensino e aprendizagem de pessoas com deficiências e transtornos de aprendizagem ou desenvolvimento, mais especificamente abordando os temas Alfabetização e Letramento, Tecnologia Assistiva, Tecnologias da Comunicação e da Informação, Deficiência intelectual, Transtornos do Espectro do Autismo e Transtornos de aprendizagem.

Catia Crivelenti de Figueiredo Walter, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Graduação em Fonoaudiologia - USC-Bauru (1985), possui mestrado e doutorado em Educação Especial (Educação do Indivíduo Especial) pela UFSCar-PPGEEs (2000 e 2006). Pós doutorado em Educação - projeto em Comunicação em Comunicação Alternativa (PROPED-UERJ). É professora Associada do Departamento de Educação Inclusiva e Continuada e do Programa de Pós Graduação em Educação (PROPED) na linha de pesquisa em Educação Inclusiva e Processos Educacionais. Atualmente é bolsista procientista UERJ (desde 2015) e CIENTISTA DO NOSSO ESTADO FAPERJ (desde 2021).Docente no Curso de Pedagogia presencial e à distância (CEDERJ) da Faculdade de Educação e das Licenciaturas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Líder do grupo de pesquisa CNPq - COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA PARA ALUNOS SEM FALA ARTICULADA e coordenadora do Laboratório de Tecnologia Assistiva/Comunicação Alternativa - LATECA - PROPED-UERJ. Foi professora Visitante na University of Central Florida de janeiro a julho de 2019 com bolsa CAPES (PVE). Atua como pesquisadora e orientadora no grupo de pesquisa em Linguagem e Comunicação Alternativa do ProPEd-UERJ. É fundadora e conselheira do Centro Ann Sullivan do Brasil de Ribeirão Preto e assessora de projetos do Instituto JNG (RJ). Tem experiência na área de fonoaudiologia clínica e Educação Especial, com ênfase em formação acadêmica, docência, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento e avaliação de linguagem, educação especial, Transtorno do Espectro Autista, pessoas com deficiência intelectual, paralisia cerebral, distúrbios de linguagem, técnicas de ensino especializado, PECS-Adaptado, comunicação alternativa e capacitação de familiares e de professores do ensino regular e especial. É membro associado da Comissão Assessora em Educação Especial e Atendimento Especializado em Exames e Avaliações da Educação Básica do INEP. Atualmente é Council Chair da International Society for Augmentative and Alternative Communication - ISAAC (2024-2026) e faz parte do Comitê Cientifico da ISAAC-Brasil, da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial ABPEE) e membro afiliada internacional da American Speech-Language-Hearing Association (ASHA).

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Publicado

29-11-2025

Edição

Seção

Artigos (fluxo contínuo)