Matemática e africanidade:

Vamos jogar?

Autores

Palavras-chave:

Africanidade, Educação Matemática, Lei 10.639/03, Jogos Africanos

Resumo

O presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa documental cujo objetivo foi realizar um levantamento de jogos africanos, buscando destacar os saberes subjacentes, de acordo com a proposta de valorização das raízes africanas nos processos educacionais do país, em conformidade com a Lei 10.639/03, na perspectiva de uma educação mais coerente, inclusiva e representativa. Como resultados, confirmou-se a possível integração dos jogos no currículo escolar, com o intuito não só de fazer cumprir a lei, mas também de (re)construir a memória coletiva dos povos africanos e dos escravizados, permitindo que seus descendentes estabeleçam novas conexões com seu passado histórico. Conclui-se que tais práticas pedagógicas podem assumir um papel político, alicerçado nas culturas e nas camadas populares das sociedades, estabelecendo um currículo que tenha por base a multiplicidade de outras culturas presentes no mundo.

Biografia do Autor

Tarliz Liao, UNIRIO

Pós-doutor em Tecnologias Digitais e Formação Docente (PPGAV/UFRGS, 2021). Doutor em Educação na linha de Educação Matemática (UFES, 2014).Líder do GEPETEC/UNIRIO - Grupo de Estudos e Pesquisas em Ensino, Tecnologias Digitais e Formação Docente.Pesquisador e Professor Adjunto C4 no Departamento de Didatica da Unirio (2019 - atual). Professor permamente do PPCTE/ CEFET RJ.Professor permanente do PPGTDS/UFRJ.Professor colaborador no programa de Pós-graduação em Inovação e Tecnologias na Educação da UTFPR. Foi elaborador e revisor para itens do SAEB/ INEP/MEC. em 2007 e 2020. Vencedor por duas edições das Olimpíadas de Jogos Digitais da Educação -SEEDUC/RJ. Atuou como professor de Ensino Superior da rede privada, Ensino Fundamental e Médio nas redes públicas do RJ. Tem larga experiência e interesse nas áreas de Tecnologias Digitais, Tecnologia Social e Educação/Ensino Matemática. Digitais.https://www.gepetec.education

 

Andrea Thees, UNIRIO

Professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), onde atua como docente do Departamento de Didática e coordenadora de disciplina na Educação a Distância (EaD). Doutora em Educação pela UNIRIO, mestre em Educação, especialista em Educação Matemática e licenciada em Matemática pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É membra da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM), onde atua no GT06 ? Educação Matemática: Tecnologias Digitais e Educação a Distância. É vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Tecnologias Digitais e Formação de Professores (GEPETEC), onde coordena o Projeto V.E.M. Assistir - Vídeos (e) Educação Matemática, participa como convidada do Grupo de Etnomatemática da UFF (GETUFF) e, como pesquisadora, tem interesse particular pela interseção das temáticas: formação de professores, tecnologias digitais, educação matemática nos anos iniciais e etnomatemática.

Elaine Ramos da Silva Virgolino, NIDES UFRJ

Mestre pelo programa de pós-graduação em Tecnologia para o Desenvolvimento Social associado ao Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora de Matemática regente na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ) e na Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC/RJ).

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Publicado

18-08-2025

Como Citar

Liao, T., Thees, A., & Ramos da Silva Virgolino, E. . (2025). Matemática e africanidade:: Vamos jogar?. Revista Educação E Cultura Contemporânea, 22. Recuperado de https://mestradoedoutoradoestacio.periodicoscientificos.com.br/index.php/reeduc/article/view/11804

Edição

Seção

Artigos (fluxo contínuo)