Formação de professores indí­genas guarani e kaiowá em Mato Grosso do Sul: o empoderamento que circula entre dois mundos

Autores

  • Maria Beatriz Rocha Ferreira Unicamp
  • Marina Vinha Universidade Federal da Grande Dourados
  • Veronice Lovato Rossato Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul

Resumo

Resumo Estudos antropológicos apontam que as forças de poder guarani e kaiowá concentram-se em dois pilares - a força extraterrena e a força terrena. Estas forças se entrelaçam no dia a dia das pessoas, em maior ou menor intensidade. O texto busca problematizar o seguinte questionamento: "a formação dos professores guarani e kaiowá reflete as relações de poder, inseridas nas figurações históricas desse grupo"? Para tal, objetivamos compreender as redes de interdependência que figuram nos cursos de formação de professores indí­genas da etnia guarani e kaiowá, na Secretaria de Educação de Mato Grosso do Sul e na Universidade Federal da Grande Dourados. Essa formação, nos ní­veis médio e superior, foi uma conquista dos povos indí­genas, inseridos num processo histórico mais amplo e complexo. A pesquisa é de caráter bibliográfico enriquecida com depoimentos de uma indigenista que atua na formação de professores guarani e kaiowá há mais de 30 anos e participa da escrita deste texto. A relevância do estudo consiste em registrar o processo de efetivação de uma formação especí­fica dos povos indí­genas, em um paí­s que demorou 488 anos para inserir a população indí­gena na sua Carta Magna. Um paí­s que dispõe de 240 lí­nguas faladas em seu território nacional, embora enfatize somente a lí­ngua do colonizador nos estudos escolares da Educação Básica. Nas considerações finais pontuamos a formação da rede de interdependência que fortalece o empoderamento dos indí­genas da etnia guarani e kaiowá de Mato Grosso do Sul, no quesito formação de professores. Palavras-chave: Formação de professores indí­genas. Guarani e kaiowa. Figurações e poder. Abstract Anthropological studies indicate that Guarani and Kaiowá power forces are concentrated on two pillars - extraterrestrial force and earthly force. These forces intertwine in people's daily lives, to a greater or lesser extent. The text seeks to problematize the following questioning: "Does the formation of Guarani and Kaiowá teachers reflect the power relations inserted in the historical figurations of this group"? To do this, we aim to understand the networks of interdependence that appear in the training courses of indigenous teachers of the Guaraní­ and Kaiowá ethnic groups, at the Department of Education of Dourados, Mato Grosso do Sul and at the Indigenous Intercultural Faculty of the Federal University of Grande Dourados. This training, at the middle and higher levels, was an achievement of indigenous peoples, inserted in a broader and more complex historical process. The method is bibliographical, with the testimony of an indigianist who has worked with the Guarani and Kaiowá for more than 30 years and participates in the writing of this text. The relevance of the study is to record the process of carrying out specific training of indigenous peoples in a country that took 488 years to insert the indigenous population into its Constitution. Brazil is a country that has 240 languages spoken in its national territory, although it emphasizes only the language of the colonizer in the school studies of Basic Education. In the final considerations we point out the formation of the network of interdependence that strengthens the empowerment of the Guaraní­ and Kaiowá natives of Mato Grosso do Sul in the training of teachers. Keywords: Training of indigenous teachers. Guarani and Kaiowa. Figuration and power.

Biografia do Autor

Maria Beatriz Rocha Ferreira, Unicamp

Dourado em Antropologia pela Universidade do Texas, Austin (1987), Mestrado e Graduação em Educação Fí­sica na Universidade de São Paulo - USP (1981). Desenvolvimento da carreira acadêmica na Universidade de São Paulo - USP (1976-1979), Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (1988-2012). Professor Visitante na Universidade do Centro Oeste Paraná (2003-2005), Universidade Católica de Leuven, Bélgica (1997-1998), Universidade Federal da Grande Dourados - Faculdade de Educação (2012-2016), Pesquisador Visitante - Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo - Labjor, Unicamp (a partir de 2017).Principais tópicos de pesquisa e publicações são relacionados com sociedade, cultura e educação enfatizando diversidade, figurações, poder, gênero e jogos focalizando especialmente populações indí­genas.

Marina Vinha, Universidade Federal da Grande Dourados

Mestrado e Doutorado em Educação Fí­sica pela Universidade Estadual de Campinas. Experiências na formação de professores indí­genas em ní­vel Médio e Superior, pesquisadora nas linhas de Educação, Lazer e Esporte com enfoque sócio antropológico. Professora efetiva na Universidade Federal da Grande Dourados, Mato Grosso do Sul.

Veronice Lovato Rossato, Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul

Formada como professora e jornalista. Indigenista. Mestra em Educação. Atua como formadora de professores indí­genas, em ní­vel Médio e Superior; na assessoria í s escolas indí­genas; como revisora de textos; edição de material didático e literário para o contexto indí­gena. Professora efetiva na Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul.

Publicado

08-07-2018

Como Citar

Rocha Ferreira, M. B., Vinha, M., & Rossato, V. L. (2018). Formação de professores indí­genas guarani e kaiowá em Mato Grosso do Sul: o empoderamento que circula entre dois mundos. Revista Educação E Cultura Contemporânea, 15(41), 149–169. Recuperado de https://mestradoedoutoradoestacio.periodicoscientificos.com.br/index.php/reeduc/article/view/4676

Edição

Seção

Artigos