O projeto polí­tico pedagógico do curso de graduação em enfermagem no contexto da formação indí­gena

Autores

  • Micnéias Lacerda Botelho UFMT - Universidade Federal de mato Grosso
  • Darci Secchi UFMT - Universidade Federal de mato Grosso

Resumo

A inclusão de indí­genas no meio acadêmico enseja que o processo formativo de tais estudantes se constitua numa ferramenta de valorização cultural. A formação pautada em um currí­culo monoculturalista e que agrava as relações de poder, não nos parece o ideal, uma vez que ignora os múltiplos saberes das culturas e as estratégias de produção, circulação e consolidação de significados. O presente estudo propõe-se a analisar o currí­culo do Curso de Graduação em Enfermagem da UFMT/Campus Sinop, tendo como foco de análise o processo formativo dos discentes indí­genas. A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas que procuraram identificar as percepções dos sujeitos acerca do currí­culo desenvolvido ao longo do curso. Foram entrevistados quatro acadêmicos indí­genas e seis docentes que ministraram disciplina para esses acadêmicos. Os resultados colhidos indicam que o currí­culo não valoriza as questões culturais, os saberes, a oralidade ou qualquer outra especificidade das culturas indí­genas. O desafio, que ainda não foi assumido, é o de descolonizar o saber disciplinar e possibilitar o conví­vio interdisciplinar e intercultural, vale dizer, integrar os múltiplos saberes existentes nas culturas e nas sociedades. Embora o acesso ao ensino superior para indí­genas, atualmente, já seja uma realidade, tal fato, por si só, não tem sido suficiente para gerar as mudanças estruturais nos currí­culos dos cursos. Os saberes autóctones permanecem à margem dos currí­culos, dos diálogos em sala. Os "novos intelectuais" formados nos cursos superiores - sejam indí­genas ou não - permanecem desconectados e descompromissados com a grave situação de saúde existente nas aldeias

Biografia do Autor

Micnéias Lacerda Botelho, UFMT - Universidade Federal de mato Grosso

Possui Bacharelado em Enfermagem pela Universidade de Marí­lia - UNIMAR (2007). Especialização em Controle de Infecção Hospitalar pela Universidade Estadual de Londrina - UEL (2009). Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT (2013), Campus Universitário de Cuiabá e professora efetiva da Universidade Federal de Mato Grosso - Campus Universitário de Sinop. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem Clí­nica, SAE, Processo de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Formação de enfermeiros Indí­genas e Saúde Indí­gena.

Darci Secchi, UFMT - Universidade Federal de mato Grosso

Possui Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso (1984), Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (1993) e Doutorado em Ciências Sociais pela Pontifí­cia Universidade Católica de São Paulo (2002). Atualmente é professor adjunto III da Universidade Federal de Mato Grosso. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, ní­vel Mestrado. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Escolar Indí­gena, atuando principalmente nos seguintes temas: educação escolar indí­gena, educação, polí­tica pública, educação e diversidade e professores indí­genas. É tutor do grupo PET-Educação.

Publicado

03-06-2014

Como Citar

Botelho, M. L., & Secchi, D. (2014). O projeto polí­tico pedagógico do curso de graduação em enfermagem no contexto da formação indí­gena. Revista Educação E Cultura Contemporânea, 11(25), 191–221. Recuperado de https://mestradoedoutoradoestacio.periodicoscientificos.com.br/index.php/reeduc/article/view/768

Edição

Seção

Artigos