De conteúdo a recurso, prática e pedagogia: sobre o movimento REA e suas ramificações
Resumo
Em pouco mais de uma década após sua concepção, a expressão "Recursos Educacionais Abertos" (REA) foi alçada ao patamar de qualificação de um "movimento" que conta agora com fileiras de defensores incluindo indivíduos, instituições educacionais e até mesmo empresas espalhadas pelo mundo. Sob o epíteto Open Educational Resources identificam-se múltiplas comunidades engajadas em práticas de compartilhamento aberto de materiais educacionais na Web e, crucialmente, na disseminação de valores ditos democratizantes alinhados às possibilidades deste compartilhamento. Entretanto, tendo a disponibilidade das Tecnologias da Informação e da Comunicação como uma das contingências que possibilitaram sua emergência, a área é, de fato, caracterizada por profundas contradições que tendem a permanecer encobertas no âmbito de agendas pragmáticas, as quais conferem premência a questões de cunho prático. Assim, privilegiam-se temas como, por exemplo, a sustentabilidade do movimento e suas iniciativas, direitos autorais, e a interoperabilidade entre formatos e plataformas de compartilhamento. Este artigo apresenta uma discussão que remete à necessidade de se combinar os trabalhos de implementação, disseminação e conscientização acerca do potencial dos REA e suas ramificações, com uma problematização advinda de uma articulação mais sistemática entre as ações e reflexões produzidas na área e o pensamento dos autores críticos da contemporaneidade. É baseado em um recorte da literatura relevante e parte de um histórico parcial do movimento construído através de uma análise documental de textos chave da área, oferecendo uma introdução crítica à área e um pano de fundo para a apresentação de temas propostos para sua problematização.
Palavras-chave: Recursos Educacionais Abertos. REA. Conteúdo Aberto. Educação a Distância. Educação online.
From content to resource, practice and pedagogy: on the OER movement and its ramifications
Abstract
In little over a decade following its initial conception, the phrase "Open Educational Resources", OER, has achieved the status of epithet of a "movement" that currently counts on lines of followers and advocates including individuals, educational institutions and even businesses across the globe. The acronym OER functions as an umbrella term that accommodates multiple communities engaged in practices of sharing educational resources on the Web and, crucially, contributing to disseminate underlying democratising values aligned with these practices. However, with Information and Communication Technologies constituting an essential contingency that facilitated the emergence of the movement, the area is, indeed, marked by profound contradictions. These tend to remain tacitly unexamined within the scope of pragmatic agendas that privilege questions of a more practical nature and, therefore, promote focus on issues pertaining to the sustainability of the movement and its initiatives, intellectual property and copyrights, and interoperability between formats and platforms. This article suggests the need to combine actions related to implementation, dissemination and development of a wider awareness of the potential of OER and their more recent ramifications with a more careful examination of the practices and thinking produced in the area from the perspective of contemporary thinking by critical commentators. The article discusses the OER movement with basis on a partial history constructed from an examination of its seminal documents and a selection of complementary sources, thus providing a critical introduction to the area as well as a backdrop for the presentation of themes that arise for further problematization.
Key words: Open Educational Resources. OER. Open Content. Distance Education. Online Education.