Considerações sobre a relação sujeito-objeto em Pierre Bourdieu
Resumo
O presente artigo pretende, a partir do livro "Esboço de autoanálise", de Pierre Bourdieu, e do estabelecimento de uma interlocução entre este e três outras produções, duas das quais do mesmo autor ("Introdução a uma sociologia reflexiva" e "Uma ciência que perturba") e outra de Maria Manuela Alves Garcia ("O campo das produções simbólicas e o campo científico em Bourdieu"), refletir sobre a relação sujeito-objeto nos domínios das ciências humanas. Os principais aspectos que ensejaram as reflexões deste artigo foram: o desapontamento e a crítica de Bourdieu ao distanciamento acadêmico, que cria uma clausura filosófica e mantém o mundo social a distância; a influência das origens de Bourdieu em suas descobertas no campo e em sua visão realista e combativa das relações sociais contra a experiência protegida da vida burguesa; a "emoção raciocinada" na produção científica de Bourdieu; a "conversão do olhar": a mudança do filósofo em etnólogo e sociólogo. Em paralelo e de forma abreviada, serão também apresentadas as noções de habitus, campo e poder simbólico, conceitos-chave na obra bourdieuniana, dos quais lançamos mão para tecer nossas considerações.