A FORMAÇÃO DOCENTE À LUZ DA METÁFORA DO STORYTELLER: A OUTRA MARGEM DE COMPREENSÃO?
Resumo
Em tempos de valorização das diferenças entre as culturas, as dicotomias da tradição metafísica - corpo-alma, essência-aparência, sujeito-objeto - são colocadas em suspenso em projetos ligados ao campo da educação. Neste trabalho, procura-se interpretar o pensamento de Hannah Arendt como elo hermenêutico de compreensão da formação diante de um cenário de crise dos fundamentos metafísicos no campo da educação. Sob a análise hermenêutica, pergunta-se: em que medida é possível aproximar a metáfora do storyteller ao horizonte comum da formação em tempos de ruptura com a tradição? A fim de empreender possíveis aproximações com o campo da educação, recorre-se aos testemunhos extrafilosóficos de Tucídides e Homero revisitados por Arendt, cujo âmbito formativo projeta a dimensão política como o outro da formação. Ao depreender esse espírito, a educação amplia as fronteiras para as relações intersubjetivas, as quais estão constituindo o mundo comum em suas múltiplas perspectivas. Nesse caso, a dimensão compreensiva da formação se move livre por terrenos abertos ao diferente e ao estranho, afastando-se, portanto, da tradição metafísica que submete os processos pedagógicos ao controle e a homogeneização. No campo docente, a metáfora do storyteller produz uma narrativa para além do aspecto cognitivo, como preconiza a metafísica subjetivista. Na medida em que reafirma o diálogo entre as diferentes culturas, incorpora uma perspectiva mais ampla do processo formativo, tornando possível renovar a ideia do mundo comum, o que (re)acende o diálogo entre Filosofia e Educação em um horizonte profícuo.
Palavras-chave: formação, mundo comum, storyteller.