A Baixada Fluminense em palavras e sonoridades: um diálogo com a obra de Sylvio Neto
Resumo
O presente artigo propõe discutir as principais questões que estruturam uma proposta de pesquisa cujo objetivo principal é conhecer a obra de Sylvio Neto: músico, poeta e ativista cultural negro da Baixada Fluminense (BF). Esta proposta de pesquisa surgiu, mais especificamente, no processo de criação e gestão participativa de uma rádio no cotidiano de uma escola municipal carioca que atende localidades, assim como a BF, historicamente marcadas pelo estereótipo de violência (Cidade de Deus, Gardênia Azul e Rio das Pedras). Assim, mergulhado na polifonia e dialogicidade deste processo de criação e gestão participativa, as histórias sobre este artista têm ressoado de uma forma bastante significativa, sobretudo no que de respeito à posição de articulador que muitos agentes culturais têm assumido na complexidade comunicativa que tece estas localidades hegemonicamente chamadas de periféricas. No decorrer desta discussão, tentaremos argumentar a favor, em primeiro lugar, do fato de que conhecer a obra deste músico apresenta-se como uma contribuição significativa, dentre tantas outras certamente possíveis, nos importantes movimentos de tensionamento deste estereótipo de violência. E, em segundo lugar, a favor do fato de que o debate com (e não sobre) a violência musical no âmbito do currículo escolar emerge como uma possibilidade bastante fértil para trazer à tona não apenas os mecanismos regulatórios que tendem a igualar estas localidades, mas também as histórias que as diferenciam e identificam.
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