POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS EM TEMPOS PANDÊMICOS: CRISE VIRAL E GOVERNAMENTAL À SERVIÇO DO ASSIMILACIONISMO CULTURAL

Autores

  • Henrique Weil Afonso Faculdade Damas da Instrução Cristã
  • Arthur Magalhães Costa Universidade Católica de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.5935/26.39.2023.9637

Palavras-chave:

Assimilacionismo Cultural, Modernidade, Pandemia Global, Colonialismo.

Resumo

Ante a massiva crise viral globalmente estabelecida, nada obstante as dificuldades enfrentadas pelas nações, revelam-se também as mais profundas chagas coloniais deixadas pelo colonialismo aos Povos Originários. No contexto brasileiro, não bastassem as vozes silenciadas, histórias interrompidas e todo a supressão cosmológica latino-americana iniciada nos idos de 1492 até os dias contemporâneos, os Povos Indí­genas sempre vislumbraram o Estado na posição de inimigo. Seja pela conduta assimilacionista historicamente direcionada ao "progresso" do capital e à "ordem" estabelecida pelo silenciamento da diferença e acomodação de todos e todas sob os rigorosos parâmetros eurocêntricos verticalmente estabelecidos e vertiginosamente mantidos. Entretanto, conscientes da pujante crise da modernidade, convém através da presente pesquisa, sob a égide das contribuições de Rita Segato, Boaventura de Sousa Santos, Enrique Dussel, dentre outros, perscrutar temas essenciais que assolam os povos originários do Brasil, desafiando o paradigma dominante e o papel atribuí­do ao Estado. De mais a mais, tal estudo ilustrará o nocivo comportamento desempenhado pela União Federal e a Fundação Nacional do Índio que em tempos pandêmicos, enxergam no assimilacionismo uma verdadeira polí­tica de Estado. Convém vislumbrar ao Estado, novos horizontes, retirando-o da condição de ferramenta de opressão e dotando-o à posição de sujeito ativo na restituição das vozes silenciadas pela cultura dominante.

Biografia do Autor

Henrique Weil Afonso, Faculdade Damas da Instrução Cristã

Doutor em Direito pela Pontifí­cia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito da Faculdade Damas da Instrução Cristã (FADIC). Mestre em Direito pela Pontifí­cia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG, 2010). Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF, 2008).

Arthur Magalhães Costa, Universidade Católica de Pernambuco

Doutorando em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco; Mestre em Direito pela Faculdade Damas da Instrução Cristã. Especialista em Justiça Constitucional e Tutela Jurisdicional do Direito pela Universidade de Pisa- Itália, Especialista em Direitos Humanos pela Universidade Católica de Pernambuco. Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Aeso Barros Melo; Professor do Centro Universitário Aeso Barros Melo - UNIAESO e do Instituto de Ensino Superior de Olinda - IESO/UNIP; Advogado.

 

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Publicado

2024-03-20

Como Citar

Afonso, H. W., & Costa, A. M. (2024). POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS EM TEMPOS PANDÊMICOS: CRISE VIRAL E GOVERNAMENTAL À SERVIÇO DO ASSIMILACIONISMO CULTURAL. Juris Poiesis - Qualis B1, 26(39). https://doi.org/10.5935/26.39.2023.9637